Paisagens sinistras
Winter Moon Shade – “Winter Moon Shade”
Lançamento: 2020
Sonoridade: Black Metal, Melodic Black Metal
Editora: Black Spark Records
Produção: Haze
Capa: Haze
Formato: CD (edição limitada em digipack 100 cópias), (audição em digital)
Lista de músicas:
1 - Into Quiet Places
2 - Walking Into Dusk
3 - Low Tide Ghost
4 - Gathering of Crows
5 - Mother Nature Storm
6 - Legends & Myst
7 - Black Aura Night
8 - Yellow Eyes Thunder
9 - Fading Into Darkness
A Natureza encerra em si própria mistérios imensuráveis. A Mãe-Terra gera deuses e homens, num turbilhão entre amor, abismo, trevas, noite. Nesta imensa conceção, também o Ser Humano integra a complexa teia da essência de todas as coisas, mas parece querer dominá-la. O exercício desse controlo torna-se infrutífero perante a potência extrema da ordem natural. Muitas vezes o único resultado é a destruição. Simultaneamente bela e abissal, a Natureza oferece visões para além da imaginação e inspiração para a criação, esse sim o prpósito mais nobre da humanidade. “Winter Moon Shade”, o auto intitulado álbum de estreia da banda com o memso nome, encontra nas paisagens etéreas o alento para conceber as suas composições. Pode ler-se na apresentação desta peça de música extrema – “Forjado numa noite fria de inverno, inspirada pela paisagem de luz e sombras contrastantes. Da mais profunda brisa da floresta até a devastação da explosão da tempestade. Uma jornada entre Crepúsculo e Alvorada, visão brilhante e escuridão convergiram para o som”. Este é o mote para música carregada de harmonias entre o melancólico e o insano. Os alicerces edificam uma sonoridade Black Metal, mas a melodia patente em alguns riffs dão uma profundidade sentimental que contrasta com a agressividade do género, daí o epíteto de Melodic Black Metal. São exemplos disso os temas “Mother Nature Storm“e “Legends & Myst”, com as frases melódicas da guitarra a ganharem protagonismo. Alguma aproximação ao Death Metal nórdico. O brilho das guitarras ilumina a voz que vem das profundezas de uma gruta gélida com gritos bestiais. Algo escondida pelo nevoeiro da floresta escura, a vocalização fica na penumbra da mistura final. Os outros instrumentos têm o seu espaço natural na devastação sonora. Embora a bateria pareça algo mecânica, pouco analógica, tem uma sonoridade própria. O ritmo acelerado em temas como “Walking Into Dusk” e “Gathering of Crows” traz a tarola para a frente, num diabólico massacre sonoro. O baixo cria a densidade de uma paisagem negra e assustadora, aumentando o mistério. Sons de Natureza, sussurros e arrepios de guitarra abrem e encerram o passeio pela escuridão. Um percurso estranho.
Winter Moon Shade criaram um quadro enigmático. Uma pintura pouco nítida, uma técnica em desenvolvimento, mas uma aposta no carisma e na aura esotérica. Este gélido despertar para a cena do Metal nacional incorpora uma carga obscura, não desvendando muito da essência da banda. Os elementos que a integram utilizam pseudónimos e não mostram a cara nas fotos. Pouco ou nada se conhece da banda, não sendo fácil encontrar informação. Se é este o ambiente que desejam, então que assim seja. Porquê querer saber mais? Basta ouvir o álbum, que terá edição a 13 de dezembro, e tirar conclusões. “Winter Moon Shade” será lançado por uma pequena e recente editora Inglesa. O que importa é a conceção de uma ode ao lado obscuro da Natureza, utilizando os sons extremos, melancólicos do Black Metal feito em Portugal.
Foto: Mónica Martins, Haze (edição)
Músicos (que gravaram o álbum)
Haze – Voz e guitarra
Fenrir - Baixo
Zevir - Bateria
Comentarios