Rituais sarcásticos na penumbra
Sardonic Witchery – "Moonlight Sacrifice Ritual"
Lançamento: 2020
Sonoridade: Black Metal
Editora: War March Records (Digipack CD); Niflhel Records (Vinyl LP 12'), Worship Tapes (European Cassete version); Warhemic Productions (American Cassette Version)
Produção: Diversos e Bruno Silva (mistura e masterização)
Capa: Leonard Selzler
Formato: CD, vinil LP 12" e cassete (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - Intro (Moonlight Sacrifice Ritual)
2 - O Circulo Das Bruxas Perversas
3 - Die For Satan
4 - Infernal Kingdom
5 - Licantropia
6 - Eterna Penumbra
7 - Misantropia
8 - Ancient Spirits
King Demogorgon poderia ser uma qualquer personagem de uma série ou filme de demónios. Este demónio das sombras é o nome artístico de um músico e compositor Português, que atualmente vive no Texas, E.U.A. Nas terras do tio Sam tem fabricado peças negras de Black Metal, com o projeto Sardonic Witchery. Desde 2012 até ao momento já lançou diversos trabalhos em vinil, cassete e CD, entre os quais três álbuns completos. "Moonlight Sacrifice Ritual" é o mais recente, com data de edição em novembro do ano maldito de 2020. Black Metal Lusitano, idealizado nos States com pouco para descobrir, mas tanto para ouvir. As músicas incluídas em "Moonlight Sacrifice Ritual" são um contemporâneo ritual old schooll, ou talvez um intemporal sacrifício musical satânico. Os contrasensos são propositados!
Uma primeira abordagem a Sardonic Witchery e mais especificamente ao mais recente longa duração, pode deixar transparecer a ideia de uma caricatura ao Heavy Metal. Ou se quiserem uma paródia Black Metal. Mas afinal não é esse o propósito de algumas criações artísticas? Os Britânicos Venom sempre afirmaram a sua intenção sarcástica na composição e escrita. Eles que lideraram a primeira vaga do Black Metal. Algum do contexto lírico e até musical de "Moonlight Sacrifice Ritual" aproxima-se desta fase, old school, dos sons do Demo. Exemplo disso é o tema “Die For Satan”, com o ritmo pausado mid tempo (que acelera durante o refrão) e as harmonias de guitarra Heavy Metal, sem esquecer a temática Satânica. Esta característica mais tradicional está presente no som do álbum, espelhada nos solos de guitarra, nas líricas, espalhando sombras demoníacas, deixando o ambiente na penumbra. Só que também surgem as dissonâncias mais contemporâneas do Black Metal Nórdico dos anos 90. Ao ouvir “Infernal Kingdom” surge a sonoridade mais comum em bandas da segunda vaga. O peso e a densidade obscura dos riffs disruptivos, que não eram conhecidos antes do surgimento de bandas como Dissection, Emperor, Mayhem, por exemplo. Sem necessitar escavar, encontram-se as tumbas onde cabem os cadáveres de diversos sacrifícios. A longa “O Circulo Das Bruxas Perversas” (7’34”) é uma música onde se cruzam as diferentes vertentes sonoras. Desde o ritmo up tempo, que cruza com o riff repetitivo e melódico, até ao blastbeat enérgico, passando pela apoteótica vocalização profética. A partir de “Eterna Penumbra”, esta cantada em Castelhano, o ritmo acelera e o Black Metal torna-se ainda mais cru e direto. O blastbeat torna-se dominante e a riffagem é brutal. É por isso que muito se pode ouvir no álbum.
Com ironia ou por doutrina, King Demogorgon levanta a bandeira do Black Metal mais hedonista, sem esquecer as raízes Heavy Metal. Há um riff em “Licantropia”, por volta dos dois minutos, que é puro Metal clássico, apesar da ejaculação verbal diabólica. Menção para os convidados, cuja contribuição assevera a dinâmica do álbum. Um trabalho de persistência desta One Man Band, que apesar da distância, continua a exibir, com orgulho, a Portugalidade em algumas líricas.
Foto: “DR”
Músicos (que gravaram o álbum)
King Demogorgon – Guitarras solo e ritmo, baixo e voz
e
Convidados especiais em estúdio:
Miguel Santos - Bateria
Chris Menta - Guitarra solos
Nebo Budor - Intro
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