Em estado de coma
Vëlla – “Coma”
Lançamento: 2020
Sonoridade: Alternative Metal, Groove Metal, Nu Metal, Metalcore
Editora: Raising Legends Records
Produção: Caesar Craveiro
Capa: Oz Vilesov
Formato: CD (audição em MP3)
Lista de músicas:
1 - Blood On The Table
2 - Tempest
3 - Mannequin
4 - The Promise
5 - 1984
6 - Despair
7 - Tormento
8 - Freakshow
9 - 5 Minutes Alone
10 - The Fall
11 - Otherside
12 - I’ll Be The End
“Coma” é um álbum concebido por músicos adultos e conscientes. Fica a ideia que foi pensado ao detalhe, incorporando uma estética desenhada propositadamente para o efeito. É por esse motivo que não parece um álbum de estreia. Ou melhor dizendo, é um álbum de estreia feito por quem já tem experiência. Os músicos souberam apoiar-se na prática adquirida em projetos anteriores e criar uma irmandade, cujo primeiro feito é o álbum “Coma”. Utilizando o nome Vëlla traçaram um caminho através das sonoridades de peso, espalhando ideias, influências em busca de uma sonoridade própria. Se conseguirão atingir a meta só o tempo o dirá, mas a primeira etapa do percurso está concluída. O resultado é um som híbrido, se é que este termo pode ser adequado ao som da banda! Tendo em conta composições que agregam diferentes elementos numa só peça e ainda apelam à modernidade, parece-me híbrido o termo certo. Diversidade também se aplica, se tivermos em conta temas como “1984” e “5 Minutes Alone”, ambos um pouco fora de contexto, talvez músicas que servem para limpar o palato, por forma a degustar os pratos seguintes. E ainda “Tormento” que transporta melancolia e ambientes mais negros, numa ode poética ao amor. Nesta música participaram Ana Marques e Ariana Pereira.
“Coma” abre com “Blood On The Table”, um tema com uma sonoridade folk ou talvez seja uma marcha de batalha. “Tempest” dá o mote com estrondo. É uma música com balanço e agressividade que anuncia a tempestade sonora que se segue. “The Promise” é bastante pesada, quer instrumentalmente, quer no contexto lírico. Possui riffs Death Metal, com um fundo sonoro orquestrado algo fantasmagórico que desagua numa história triste, mas ao mesmo tempo regeneradora. A participação de Miguel Inglês contribui para a densidade. Death Metal que se volta a sentir em “The Freak Show”. “The Fall” e “Otherside” foram pintados com as cores Nu Metal, mas numa abordagem mais rasgada, que revela a procura do som Vëlla. A banda conseguiu um som híbrido que abarca o Death Metal, o Nu Metal, o Metalcore e até Rock, tudo com um espírito alternativo e com boas doses de Groove. Todo este cabaz de iguarias foi empacotado com uma produção equilibrada e atual.
O desempenho dos músicos é uma garantia de qualidade. Os ritmos, as harmonias e acordes, os arranjos, tudo é desenhado sem monotonias. A inclusão de pequenas orquestrações dão maior dimensão às músicas. A voz debita as frustrações e alegrias da vida com empenho, num timbre agressivo e austero. Pessoalmente, acho que as partes de voz mais limpa estão uns furos abaixo do nível exibido por todos os elementos, mas é uma opção artística assumida. A composição é coesa e poderosa. Neste espetro sonoro, seria interessante se os Vëlla arriscassem um pouco mais, num tema mais comercial. Com arranjos simples e um refrão direto. A música está em constante evolução e mutação. É preciso não apanhar os comboios em andamento, mas sim iniciar uma nova viagem. Será que os Vëlla sabem o caminho?
Foto: Ivo Durães
Músicos (da esquerda para a direita)
Pedro Lopes - Voz
Mário Rui - Guitarra
Caesar Craveiro - Baixo e coros
Paulo Adelino - Bateria
Oz Vilesov - Guitarra
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