Metal cerebral e progressivo num universo paralelo
Thormenthor – “Abstract Divinity”
Lançamento: 1994
Sonoridade: Death Metal, Progressive Death Metal, Progressive Metal
Editora: Morgana Records, MOR 7003 CD
Produção: Thormenthor, Luis Espírito Santo (técnico de som)
Capa: conceito de Thormentor, Duarte Dionísio e Rui Dias
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Abstract Divinity
2 - The Proportional Dream
3 - Encircled by Aura Sphere
4 - Nothing Expanded
5 - Imaginary Landscape
6 - Aesthetic Blight
7 - Nebula
8 - Inaccessible Art
9 - Karma's Retribution
Um universo paralelo visto através de membranas tridimensionais. Uma realidade cósmica sentida de forma distorcida, num frenesim espectral. Dimensões extra sensoriais refletidas nas entranhas plásmicas. No encéfalo de Miguel Fonseca, o hemisfério direito do cérebro teve papel preponderante na encenação desta peça orgástica. “Abstract Divinity” é experimental na sua essência. Ritmos alienados e alucinantes num constante twist and turn que nos trata como marionetas. Somos manietados em direção a um vórtice de contratempos e harmonias de guitarra em duelo com elas próprias. A voz vomita células de outros seres desconhecidos da raça humana. Há muita riqueza nos arranjos e na execução musical neste álbum. Uma boa dose de blastbeats, o troar do baixo cola os voos histriónicos dos guitarristas, mas o destaque vai para a coerência experimental, que traça linhas progressivas nas composições dos Thormenthor. É elogioso referir nomes como Voivod, Pestilence, Cynic, Atheist, Death ou Carcass para obter referências.
“Abstract Divinity” é o único álbum completo editado pelos Thormenthor, apesar de uma boa dose de demos e um single entre 1988 e 1991. Foi uma aposta da editora Morgana Records, aliás o terceiro e último registo a ser lançado pela etiqueta nacional, que geri durante a sua curta existência. É um CD importante na discografia da banda e um “must have” na coleção de qualquer fã e colecionador do Metal nacional. Foi o alcançar de um objetivo importante para uma das bandas mais ativas no underground, entre o final dos anos 80 e o princípio dos anos 90. O quarteto de Almada liderado por Miguel Fonseca teve criatividade e resiliência para se afirmar em Portugal, mesmo sem as ferramentas tecnológicas dos dias de hoje. A visão inovadora e aventureira do vocalista e guitarrista trouxeram para Portugal o som extremo que nascia nos Estados Unidos, com outro visionário de nome Chuck Schuldiner poucos anos antes. Um álbum do passado, presente e futuro.
Foto: Lina Coelho
Músicos (da esquerda para a direita):
Pedro Campos - Bateria
João Paulo - Baixo
Miguel Fonseca - Voz e guitarra
Pedro Quaresma - Guitarra
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