Por dentro e para fora
Sarcastic - “Inside”
Lançamento: 1998
Sonoridade: Heavy Metal, Ghotic Metal, Hard Rock, Progressive Rock
Editora: Plutonium Records, Música Alternativa, PU005CD
Produção: Rui Fingers, Paulo Brissos e João Sanguinheira
Capa: Ivo e Fernando Rebelo
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Intro
2 - Journey
3 - No Sense
4 - Chameleon
5 - Perfect Isolation
6 - Tired
7 - Fearing Nothing
8 - So Far from the Sun
9 - Sometimes
10 - Bleed
Os Sarcastic foram uma das bandas mais promissoras e interessantes a surgir na década de 90. Depois de uma primeira encarnação como Sarcastic Angel, cuja sonoridade era bem mais agressiva e pesada, encurtaram o nome e aumentaram a ambição criativa. A composição arrojada e diversificada colocou a banda numa posição ambígua. A sonoridade era muito pesada e intrincada para fazerem parte do espetro Pop/Rock, com pendor comercial, mas ao mesmo tempo, o lado melódico das vozes e as harmonias Hard Rock não tinham a agressividade Metal, para serem uma banda de culto underground. A balançar neste limbo, os Sarcastic conseguiram momentos de pura atração de público em grande número. No entanto, o percurso foi curto e não rentabilizaram o impacto que tiveram. Se por um lado houve perspicácia por parte da editora Plutonium Records (Música Alternativa), ao apostar na edição do álbum “Inside”, ficou a sensação de um produto sem posicionamento no nosso mercado. Perante a qualidade das músicas, a diversidade estilística e a demostração inequívoca de capacidade técnica, foi deveras um desconsolo perdermos tamanha promessa. Ainda houve uma tentativa gorada de continuação, com novos elementos na formação, com ensaios e novas composições. No entanto, “Inside” foi mesmo o único longa-duração.
Catalogar o álbum num género musical não é tarefa fácil. Música é o termo mais abrangente, ou talvez Arte seja ainda mais inclusivo. O mais curioso é que esta proposta artística tem um feeling Progressivo, tão utilizado pelas bandas de Rock Portuguesas nos anos 70, início dos 80, mas com a modernidade incutida por influências dos anos 90. Seria de esperar que este facto contribuísse para uma maior recetividade por parte dos meios de comunicação. Sonegações à parte, “Inside” ombreia com álbuns de bandas como: Marilion, Asia, Camel, Pendragon, entre outras desta estirpe, o que é só por si motivo de grande orgulho. Esta linha Prog Rock cruza com o Pop de “Chameleon”, com teclados a lembrar as bandas Pop Eletrónica dos anos 80 e faz uma tangente com algum Rock Gótico ou Gothic Metal de uns Paradise Lost (fase “Host”) em “Perfect Isolation”, por exemplo. Para além de tudo isso incorpora uma elipse mais metálica logo no início com o tema “Journey” e no final “Bleed” ou o traço Hard Rock de “No Sense” espelhado no riff de guitarra. Como se não bastasse, o círculo fecha com a Floydiana “Tired”. Esta geometria seria suficiente para construir uma peça volumosa. Só que ainda há muito mais. Teclados muito interventivos, capazes de apaziguar com ambientes serenos ou estimular com sons incaracterísticos. Baixo dominador no seu papel de assegurar o grave da sonoridade, impondo notas orientadoras de ritmos marcantes. Bateria competente e com trejeitos a roçar o Progressivo. Guitarra aventureira capaz de solos imponentes e ritmos coesos. Voz principal melódica e assertiva. Por fim uma voz feminina, que embeleza certas músicas com melancolia e destreza técnica, assumindo protagonismo em “Sometimes”. O conjunto oferece melodia, melancolia, agressividade, harmonias deliciosas, fruto de arranjos cirúrgicos. Se por um lado as músicas podem ser longas e complexas, não deixam de ter refrões de fácil apreensão. “Inside” foi apenas um exercício do que poderia ter sido parido por músicos competentes e acima de tudo humildes. Voltem!
Foto: “DR”
Músicos (da esquerda para a direita)
Nelo - Teclados
Gandayo - Bateria
Ivo - Voz e Guitarras
Rolando - Baixo
Sílvia - Vozes
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