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Foto do escritorDuarte Dionísio

Sacred Sin - “Eye M God”

Atualizado: 28 de jan. de 2021

Um Deus complexo

Sacred Sin - “Eye M God”

Lançamento: 1995

Sonoridade: Death Metal

Editora: Dinamite, Dinamo, DT95012

Produção: Marsten Bailey

Capa: João Biscaia, Rui Lacas

Formato: CD


Lista de músicas:

1 - Intro

2 - Evocation of the Depraved

3 - Inductive Compulsion

4 - Eye M God

5 - Death-Bearing Machine

6 - The Nighthag (Nocturnal Queen)

7 - One with God

8 - Guilt Has No Past

9 - A Human Jigsaw

10 - Link to Nothingness

11 - Dead Mind Breed

12 - To the Endless Path of Hecate


“Eye M God” é o segundo álbum da discografia significativa dos Sacred Sin. Neste longa duração, a banda quis mostrar muito. Utilizou esta oportunidade como um exercício de estilo, aproveitando para descarregar uma imensidão de ideias soltas e aprendizagens técnicas, num turbilhão de composições. A complexidade na estrutura das músicas, embora espelhe uma capacidade técnica digna de relevo, torna-se um obstáculo à fácil compreensão. As músicas ganham relevância na mestria da execução, mas perdem na habilidade de ficar retidas na memória. Claro que os apreciadores de bandas como Pestilence ou Nocturnus terão o que explorar nas composições dos Sacred Sin. Já os admiradores de um Death Metal mais direto e objetivo terão dificuldade em encarar o álbum inteiro com agrado. Até porque aquilo que a banda apresenta como sonoridade ao longo de “Eye M God”, não se limita ao Death Metal técnico. Há muitos ambientes Gothic Metal, pitadas de um Black Metal quase sinfónico, para além de bases Thrash Metal. Uma audição atenta, perscrutando trecho após trecho, riffs e mais riffs, encontra pedaços de géneros e contextos líricos de diferentes vertentes. A essa riqueza artística falta coesão nos arranjos. Quando estamos a ser embalados por um passagem bem engendrada e competentemente executada, somos abruptamente surpreendidos por um corte de foice. “Eye M God” é uma criação de vontades, artisticamente competente, disso não há dúvida. No entanto, é demasiado disperso.


“Death-Bearing Machine”, por exemplo, inicia com um ambiente Gothic Metal, aliás consentâneo com o contexto lírico. É uma composição mais lenta, quase down tempo. O instrumental é partido em diferentes trechos, inclusive pelo meio de estrofes, que são golpeadas por quebras em sucessões de acordes. Apesar de um refrão bem definido, a composição causa estranheza. “The Nighthag (Nocturnal Queen)” segue o argumento gótico, mas mais misterioso e dark, quase Black Metal. Tem a participação vocal de José Afonso (Decayed) e Anabela, que empresta a sua voz para mais emotividade mística. O pedaço final da música tem um riff Death Metal agressivo que contrasta com o restante. “Guilt Has No Past” é mais um exemplo de cortes, colagens e passagens entre estrofes, numa amálgama de acordes e cadências rítmicas. A voz de Anabela como pano de fundo entoa um pranto lírico. Há ainda um instrumental “One with God” a servir de interlúdio. Também a música final numa abordagem cinematográfica, a fazer lembrar a “Intro” de “Beyond The Gates” dos Possessed.


“Eye M God” será sempre uma peça importante na história discográfica dos Sacred Sin, assim como do Heavy Metal Nacional. Foi também uma edição de mais um projeto editorial que surgiu nos anos 90 e que não vingou. Apesar de ter tudo para singrar a Dínamo Discos, não resistiu aos elevados investimentos que fez nas apostas editorias e na estrutura base. A Dinamite foi criada para editar bandas de Metal, ficando-se apenas por este álbum dos Sacred Sin.


Foto: Inês Salvador


Músicos (da esquerda para a direita)

José Costa - Baixo e voz

Tó Pica - Guitarras e coros

Quito Nishal - Guitarras

Carlos Caseiro - Teclados

Nuno R. - Bateria



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