Experiências laboratoriais desordenadas
Re:aktor – “Zero Order”
Lançamento: 2003
Sonoridade: Industrial Metal, Thrash Metal, Groove Metal
Editora: Nuclear Blast Records, NB 1008-2 / 27361 10082; Música Alternativa, MA049CD
Produção: Nexion Karr, D-Void e R.A.D.
Capa: Filipe Pina
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Zero Order
2 - My Own Fear
3 - Damage Zone
4 - See
5 - Stellarator
6 - Sektor X-Lr8
7 - Disclosure
8 - Impact
9 - Datascape Assembler
10 – AS>D<EX
11 - Out There
Re:aktor foi aquilo a que se podia chamar um super grupo. [Nexion] aka Carlos veio dos Sirius, assim com D-Void aka Pedro. R.A.D. aka Rui Duarte é a voz dos R.A.M.P. e Ca-2 aka Cato Bekkevold tocou nos Enslaved, isto só para citar algumas bandas, porque todos participaram noutros projetos. Esta banda de músicos experientes lançou pela Nuclear Blast Records, em 2003, este único e solitário álbum, com o título “Zero Order”. Esta espantosa entrada na cena Metal internacional, através de uma das maiores editoras do género, criou a expetativa de uma carreira promissora. No entanto, depois do lançamento de “Zero Order” e uma digressão Europeia com Exodus e Hatesphere em 2004, tudo parece ter desaparecido numa dimensão paralela. Quantas bandas Portuguesas tiveram até hoje a oportunidade de assinar contrato com uma grande editora independente de nível mundial e fazer digressões como suporte de um dos nomes emblemáticos do Thrash Metal? Poucas, muito poucas. Ou talvez apenas duas ou três. Contrariedades à parte, o que interessa para o caso é o álbum “Zero Order”. Um conjunto de músicas poderosas, superiormente interpretadas.
Os Re:aktor utilizaram o Thrash Metal na base das composições e colocaram-lhe em cima diversas camadas de diferentes estilos. Começando pelo evidente Groove, audível no balanço de alguns temas irrequietos, passando pelo ambiente Industrial patente nas programações e samplers que percorrem todo o álbum. A melodia não foi esquecida, principalmente em linhas vocais muito próprias da capacidade de R.A.D., a fazer lembrar R.A.M.P., outra coisa não seria de esperar. Um bom exemplo é a música “See”, menos pesada, mas não menos intensa, com melodia e propósito. No fim, o resultado é uma sonoridade pesada, groovy e Industrial Metal. Saltam à memória bandas como Ministry, Fear Factory, mas também White Zombie, nem que seja pelo refrão de “My Own Fear” ou pelo riff cavalgante de “Stellarator”. “Damage Zone”, que serviu para a gravação de um videoclip, apoia-se num forte e memorável refrão. “Impact”, “Datascape Assembler” e “AS>D<EX” são três monstros agressivos que cruzam estilos e se apoderam deles para invadir o espaço com ritmos acelerados. O crossover de estilos pode não ser o mais original, mas a fúria Metal tecnológico é interpretada com elevada qualidade e precisão. Uma conjugação de chips e metais fundidos a frio, resultando numa dinâmica cibernética impressionante. Para garantir a robustez, o álbum conta com uma soldadura brutal, ou melhor, uma produção cristalina, mas densa. A temática das líricas divide-se entre descrições de experiências científicas high-tech e as realidades de uma humanidade em busca de um futuro incerto, sofrendo os impactos das suas próprias ações. A execução instrumental é no mínimo impactante. Uma voz abrangente, agressiva, melódica e poderosa. Guitarras e baixo possantes, densos e rigorosos. Bateria diversificada e muito certeira, quer seja orgânica ou programada. Talvez uma banda incompreendida.
Foto: “DR”
Músicos (da esquerda para a direita)
R.A.D. - Voz e arranjos
[Nexion] - Guitarras, Baixo, Samples e Programações
D.Void - Guitarras, Baixo e Samples
e
Ca-2 - Bateria
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