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Foto do escritorDuarte Dionísio

Eternal Mourning – "Delusion & Dementia"

A ilusão de uma saudade demente

Eternal Mourning – "Delusion & Dementia"

Lançamento: 2001

Sonoridade: Doom Metal, Gothic Metal, Death Metal

Editora: GoiMusic, GOI 2001-02

Produção: Eternal Mourning e Orlando Costa

Capa: Mário Pereira e Flávio L. F.

Formato: CD


Lista de músicas:

1 - Cry of the Damned

2 - The Strange Forms of Universe

3 - Final Lament - Part I (Into Unconsciousness)

4 - Dreams of Desiring Lust

5 - Sombras do Desconhecido

6 - Final Lament - Part II (Supremum Male Dicere)

7 - A Shameless Smile

8 - Sowing Threads

9 - The Calling


Os Eternal Mourning são de Santiago do Cacém e "Delusion & Dementia" foi o primeiro álbum da banda alentejana. Depois de duas demos e diversos concertos ao vivo, entre os quais se destacaram as participações em concursos de bandas, de onde saíram vencedores, em 2001 saiu finalmente o primeira longa duração. As gravações começaram dois anos antes, mas só depois de assinarem contrato com a editora espanhola GoiMusic é que lançaram o álbum. Este registo é muito competente para uma edição de estreia, não ficando atrás de algumas das bandas que influenciaram a sonoridade do sexteto. Atualmente, os Eternal Mourning estão parados, sem a certeza do que poderá acontecer no futuro. A verdade é que já há alguns anos que não mostram atividade.


"Delusion & Dementia" tem um início melancólico com o tema “Cry of the Damned”, determinando o ambiente para o que se segue ao longo das outras oito músicas. Na verdade, os Eternal Mourning foram mais uma banda da fornada dos anos 90, com muitas influências dos nomes marcantes do Doom/Death Metal, como os Ingleses Anathema, My Dying Bride, Paradise Lost, ou os Nórdicos Amorphis, Tiamat, Katatonia. Apesar das evidentes influências, a banda demonstrou ser um projeto equilibrado, com uma estética melancólica na eternidade dos lamentos. A composição conseguiu momentos de singularidade. Sente-se um cruzamento entre a Portugalidade e a perpétua saudade, com a frieza das montanhas repletas de neve dos países Nórdicos e o carater austero dos Ingleses. Os Eternal Mourning encontram beleza na tristeza e conforto na solidão para escrever dissertações poéticas em todas as músicas. A expressão desses sentimentos é libertada com uma abrangência vocal de salientar. Há uma dualidade de vozes masculina e feminina. Há um registo delicado da voz feminina que contraria a preponderância da voz gutural masculina. Há sussurros e declamações poéticas. E ainda há uma vocalização rasgada, bem ao estilo Black Metal, que penso ser da Rita Gamito. Para além disso, os vocalistas utilizam o Inglês, o Português e uma incursão pelo francês no tema “The Strange Forms of Universe”. Ufa! Este ecletismo contribui para a riqueza musical do álbum. O que também está patente nos teclados, ao apresentarem diferentes matizes. Ora piano, ora órgão em “Final Lament - Part I (Into Unconsciousness)”, mas também brisas suaves que fazem ondular pétalas e ainda golpes de espada que fazem verter sangue por vestes de cetim branco no tema “Dreams of Desiring Lust “.


A secção rítmica é assertiva. O som da bateria é clinico, principalmente o timbre agudo da tarola, que lhe dá um aroma progressivo à sonoridade. As guitarras, embora debitem harmonias bem pesadas, não se sobrepõem aos restantes instrumentos, não invadindo em demasia o espetro musical. Por exemplo, no tema “Sowing Threads” o ritmo das guitarras tem um papel secundário perante um maior protagonismo dos teclados. Quando surge o solo, a guitarra entra em cena com pujança e altera o rumo da música. Outro exemplo é o longo solo de guitarra na música “Sombras do Desconhecido”. Este carrega a alma Lusitana em cada nota e parece que nos “fala” ao ouvido. A composição final “The Calling” foi um mélico chamamento para a jornada que os Eternal Mourning iniciaram com o primeiro álbum. A doçura da voz da Rita é evidenciada. Confesso! O que mais me surpreendeu foi: o som da bateria, o registo vocal ao estilo Black Metal e o equilíbrio instrumental conseguido. Senti falta de mais refrões memoráveis, um pouco ao estilo do que quase conseguiram em “Sowing Threads“.


Fotos: "DR"


Músicos (da esquerda para a direita)

José Meninas - Guitarras ritmo

Mini - Guitarras solo e acústicas

Mário Pereira - Voz

Rita Gamito - Voz

Marco Faria - Baixo e Teclados

Nuno Costa - Bateria



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