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Foto do escritorDuarte Dionísio

Phase Transition – “Relatively Speaking”

Atualizado: 28 de jan. de 2021

Transição progressiva

Phase Transition – “Relatively Speaking”

Lançamento: 2020

Sonoridade: Progressive Metal, Alternative Metal

Editora: Edição de autor

Produção: Afonso Aguiar

Capa: Joël Martins

Formato: CD EP (audição em streaming)


Lista de músicas:

1 - Shadows of Thought

2 - Singularity

3 - In the Dark

4 - Sand and Sea


Há cerca de 5 anos descobri uma banda Sueca, de Linköping, denominada The Great Discord. Voltei a acreditar na capacidade de compor e produzir música de qualidade. Fiquei deveras impressionado com a modernidade e criatividade de uma banda que apresentava uma sonoridade progressiva, mas pesada e cativante. O baterista dos TGD tinha passado pelos Ghost, que são da mesma região, o que lhe deu experiência. Agora ao ouvir os Portugueses Phase Transition, voltei a ter aquela sensação de gáudio por ouvir algo que me fez de imediato pensar que a música é alimento para a alma. Até porque a sonoridade me parece equiparada aos TGD. A banda do Porto é uma lufada de ar fresco no Heavy Metal nacional!


“Relatively Speaking” é o EP de apresentação dos Phase Transition. Contém quatro músicas ecléticas, densas, com substância, que mostram música a sério. Esta pequena demonstração de criatividade acabou de sair do forno, foi lançado a 7 de dezembro de 2020. O que quer que aconteça no futuro desta banda, esta data não se perderá num qualquer buraco negro. É impossível ficar indiferente à música da banda! Mas também me comove a atitude entre o empenho, a juventude, ingenuidade, alegria, que transportam para além da composição. Para quem, como eu, está embrenhado na música há quase 40 anos, é delicioso ser surpreendido por um projeto de jovens adultos, com as características expostas neste trabalho. Faz-me querer ir mais além do que apenas escrever estas linhas… Apesar da evidente inocência, há uma inteligência no conceito por detrás da banda, para além da satisfação espelhada em sorrisos fáceis de vislumbrar. Os músicos são jovens empenhados e multifacetados, portadores daquela vontade em adquirir conhecimento, capazes de tornar fácil o que é difícil. Foi isso que fizeram ao criar estas músicas que agora mostram publicamente. Para tal fizeram uso das facilidades que a tecnologia permite, utilizando sofwares para compor e a internet para comunicar, num contexto de pandemia.


Nada na vida é perfeito e este EP também não o é. Se a perfeição fosse atingida, nada mais faria sentido, isto porque o desafio é procurar atingi-la. Há aspetos que podem ser melhorados, ou seja, há espaço para evoluir. Esse é o desafio que a banda tem para o trabalho futuro. Mas ir mais além não significa complicar, pelo contrário pode ser a descoberta de fórmulas mais sedutoras conjugadas com todo o potencial técnico e criativo já patente na composição atual. Talento não falta. Os quatro temas que compõem “Relatively Speaking” abarcam os estímulos musicais que cada elemento trouxe para o conjunto. O resultado é um Heavy Metal Progressivo e moderno, com pitadas de música tão diversa como o Jazz, a Clássica ou até algum Psicadelismo espacial. As músicas têm todo aquele feeling experimental do Rock Progressivo, prolongando-se em divagações, com uma estrutura compartimentada em trechos que vão sendo alimentados quase que por impulso. Neste contexto, as músicas fogem de estruturas Pop de simples digestão. Há um sentido exploratório em cada nota, em cada harmonia, quase como uma procura incessante pela cadência certa que desvende o âmago da alma de cada ideia. Os músicos optaram por um caminho sinuoso para a exploração musical. Só alguma certeza das competências técnicas de cada instrumentista possibilitaria tal decisão. Se por um lado a base parece assentar em guitarras possantes, com afinação baixa, que lhes dá um peso quase Death Metal, assim como uma bateria poderosa e com algum groove, por outro inserem elementos menos comuns. Logo à partida uma voz feminina melódica e delicada, com muito para evoluir. Depois um violino com melodias que rompem a agressividade da parede sonora, transportando todo o som para paisagens mais melancólicas como é o caso de “In the Dark”. O ambiente clássico espreita ao virar da esquina, com orquestrações quase subliminares, mas que elevam a sonoridade para um patamar de requinte, como por exemplo no tema “Singularity”. É também neste tema que podemos destacar um dos instrumentos que tem um papel de grande importância, o baixo, que dá profundidade ao som. Tanto em linhas de peso Heavy Metal como em desenhos jazzísticos como em “Sand and Sea”, quando a avalanche arrasadora da bateria e distorção das guitarras descansa por momentos e deixa o José Pereira brilhar. Claro que não podiam faltar os solos de guitarra a demonstrar o virtuosismo do Luis Dias, empolando o lado Progressivo, mas também a complexidade da música erudita. Fernando Maia imprime um estilo criativo na aproximação aos ritmos algo diversificados, com incursões ao blastbeat e à subtileza progressiva. Há tanto para ouvir e digerir que seria exaustivo escalpelizar cada detalhe das quatro músicas. Por fim, a produção enaltece a execução. Som moderno, profundo, detalhado, fruto de uma mistura bem criteriosa. O melhor mesmo é ouvir e deixar-se envolver pelo universo espacial, com abordagens à natureza e até ao universo da mente humana e os seus conflitos, que são interpretados pela voz doce, ainda que imberbe da Sofia Beco. Ela que escreveu as líricas, arriscando alguns versos em Português. Resta desejar que os Phase Transition se tornem uma prioridade a curto prazo. O meu desejo é que a banda os envolva e que optem por uma carreira profissional.


Fotos: João Fitas


Músicos (da esquerda para a direita)

José Pereira - Baixo

Fernando Maia - Bateria

Sofia Beco - Voz e violino

Luís Dias - Guitarras

e

Álvaro Silva - Teclados



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