Cultos ocultos
Okkultist – “Reinventing Evil”
Lançamento: 2019
Sonoridade: Death Metal
Editora: Alma Mater Records
Produção: Pedro Paixão
Capa: Beatriz Mariano
Formato: CD (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - Reinventing Evil
2 - Back From The Dead
3 - Sniff The Blood
4 - Sign Of The Ripper
5 - I Am The Beast
6 - Grave Digger
7 - Plasmodium
8 - Rise And Reign
9 - Satan Is My Master (Bathory Cover)
Uma banda de Death Metal que honra a tradição old school do género, mas com uma sensação de modernização que atravessa o álbum. Uma vocalista feminina com voz de gata possessa, a rosnar sobre morte, sangue, coveiros e Satanás. Uma estética pensada e cuidada, cujo foco aponta para a front woman Beatriz Mariano, qual anjo demoníaco. Um álbum de estreia editado pela Alma Mater Records, com a mão de Fernando Ribeiro e a produção de Pedro Paixão, ambos dos Moonspell. Misturado por Tue Madsen (Meshuggah, Moonspell, The Haunted). “Reinventing Evil” causou sensação quando foi lançado em março de 2019. Os Okkultist são de Lisboa e até à edição do álbum tinham apenas gravado por sua conta e de forma caseira um EP com o título “Eye Of The Beholder”. Essa apresentação foi o suficiente para granjear a atenção de alguns metaleiros mais atentos e permitir algumas atuações ao vivo. Mas foi “Reinventing Evil” que trouxe a banda para outro nível de visibilidade. O facto de os Okkultist terem uma preocupação acrescida com a imagem que transpõem para as fotos, vídeos e concertos ao vivo, dá-lhes um trunfo que souberam jogar. A Beatriz é uma artista e personifica um elemento muito preponderante no conjunto, com arrojo. Não esconde a sua beleza, nem a sua arte, nem o seu estilo agressivo, mas de uma forma sempre sensual.
O álbum é um monstro maléfico repleto de riffs diversificados e pesados típicos do Death Metal. Embora as músicas tenham na generalidade ritmos acelerados, há passagens mais contidas, com intensidade, mas enfase no peso arrastado, tendo como exemplo “Plasmodium” ou “Rise And Reign”, este com camadas doomy, onde se pode escutar um solo de guitarra bem Heavy Metal. Este último tema original tem uma entrada thrashy a fazer lembrar Slayer, o que prova que numa só composição é possível escutar diferentes camadas de peso. Estas sobreposições na estrutura das músicas estão arrumadas de forma percetível. Se assim não fosse, uma música como “Sign Of The Ripper”, com maior complexidade, poderia perder o sentido. “Back From The Dead” é talvez a música com refrão mais marcado, com arranjos mais objetivos. Já “Grave Digger” explora sonoridades com mais balanço groove. O início demonstra essa exploração, para logo de seguida deixar soar o pulsar do baixo, instrumento que marca todo o álbum com andamentos pulsantes e profundos. A bateria é massacrante, mas tende a soar repetitiva, sem grandes desenhos nas mudanças e quebras de ritmo. No entanto, combina bem batidas Thrash com blastbeats e andamentos Doom. A voz é agressiva, rugindo com facilidade, como em “Sniff The Blood” onde debita um rugido prolongado e raivoso. “Reinventing Evil” é um álbum coeso, com uma boa produção. Outra coisa não seria de esperar, conhecendo o Pedro Paixão e as suas capacidades. Este trabalho vem provar que a conjugação de criatividade e conhecimento dá frutos. Por falar em frutos, lembrei-me da história da Branca de Neve e os Sete Anões. Mais concretamente da maçã envenenada. Esse parece ser um conceito interessante! O infortúnio espreita a cada passo da vida, mais vale enfrentá-lo ou reinventar formas de o fazer – “Reinventing Evil” é a solução.
Fotos: “DR”
Músicos (da esquerda para a direita)
Moisés Filho - Guitarra ritmo
Ivo Salgado - Bateria
Beatriz Mariano - Voz
Leander Sandmeier - Guitarra solo
Antim Batchev - Baixo
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