Solidão da alma
Oak - “Lone”
Lançamento: 2019
Sonoridade: Doom Metal, Atmospheric Metal, Death Metal
Editora: Transcending Obscurity Records, TOR 88
Produção: Ricardo Oliveira
Capa: Paolo Girardi
Formato: CD (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - Sculptures
2 - Mirror
3 - Abomination
4 - Maze
Acordes e notas soltas emanam de uma guitarra em lamento, deixando soar a nota em pranto. Ritmos de pesar, batidas esparsas carregadas de tristeza, a bateria marca o tempo que reflete o pensamento absorvido pela névoa. Quando o sentimento nefasto se eleva, a guitarra rompe em cascatas de densidade distorcida e a bateria massacra o vazio, atormentando a solidão. “Lone” é a antecipação da morte, anunciada pela voz cavernosa, gutural, até fúnebre de Guilherme Henriques. Um álbum incomensuravelmente soturno, carregado de visões profetizadas por uma alma solitária. A expressão do estado lúgubre está em cada linha da composição de “Sculptures” e “Mirror”, que inundam de obscuridade 70% da duração do álbum. Longas peças de Doom Metal melancólico e encantadoramente funéreo. Menos longa, mas igualmente sepulcral “Abomination” arrasta-se em acordes mais urbanos, numa criação mais audaciosa. O final fica entregue a “Maze”, um tema mais frenético, com o Death Metal a entrosar-se e a ditar o ritmo em parte da música. Os Oak mostram um lado mais austero do Doom Death Metal, sem adornos se compararmos com uns My Dying Bride ou Anathema da fase inicial da carreira, ou ainda Novembers Doom. O álbum de estreia “Lone” é fundamentalmente musculado, ou seja, é pesado, mas sem gordura. A força que imprime é genuína e advém de uma criatividade que começa a ser um caso sério em Portugal.
Um aspeto espantoso é a produção, também ela musculada, sem estar sitiada por gorduras exageradas. Tem no entanto corpo suficiente para suportar a saturação das guitarras e a profundidade vocal, sem as definhar, porque a mistura final também equilibra as fontes. “Lone” foi lançado no final de 2019 pela Transcending Obscurity Records, por onde já passaram outros projetos portugueses como os Gaerea, Colosso ou Innards. Uma edição empacotada num CD com formato em caixa especial, com capa concebida por Paolo Girardi e alguns itens de merchandising. Por certo ouviremos mais marchas fúnebres escritas pelos Oak no futuro, para a posteridade fica esta pedra tumular, assim não nos esqueceremos de como foi o início desta banda portuguesa de Doom Death Metal.
Foto: Catarina Rocha
Músicos (da esquerda para a direita)
Guilherme Henriques - Voz e guitarras
Pedro Soares - Bateria
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