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  • Foto do escritorDuarte Dionísio

Malevolence - “Dominion”

Atualizado: 28 de jan. de 2021

Dominar ou ser dominado

Malevolence - “Dominion”

Lançamento: 1996

Sonoridade: Melodic Death Metal, Thrash Metal, Gothic Metal

Editora: Danger, DG002

Produção: Armamdo Glória

Capa: Cobre de Abel Salazar (1889-1946), TXT

Formato: CD

Lista de músicas:

1 - Desespero

2 - Dominion Of Hate

3 - The Burning Picture

4 - Under Inhuman Touch

5 - Enchanted Mask

6 - Swallowed In Black

7 - My Eyes (Throne Of Tears)

8 - Sweet Bloody Vision

9 - Erotica

10 - Ceremonial Gallery

A capa do álbum “Dominion” dos Malevolence mostra uma obra de Abel Salazar, médico, investigador, pintor, professor e um resistente ao regime ditatorial em Portugal. Esta referência poderia indiciar algo sobre o conteúdo conceptual ou lírico do CD, mas penso que a obra tem um propósito artístico e não ideológico. Depois de aberto este embrulho, o que ouvimos é uma amálgama sonora que deambula entre riffs simples de Thrash Metal, uma voz gutural de características Death Metal, harmonias arrastadas quase Doom Metal e um ambiente Gothic Metal em algumas líricas, assim como em algumas construções melódicas. É evidente a influência da vaga Doom/Gothic/Death Metal de bandas como Anathema, Paradise Lost, My Dyng Bride, Amorphis, Crematory e muitas outras que alcançaram sucesso no início da década de 90. Essas sonoridades espalharam o seu perfume e os Malevolence inspiraram o aroma pesado e dramático, para transformarem o álbum “Dominion” num sucedâneo nacional. Sendo este o primeiro álbum, nota-se alguma inexperiência dos músicos. Mais notória é a estrutura demasiado compartimentada das músicas, a necessitar de arranjos capazes de transformar as músicas em canções que agarrem o ouvinte. A técnica instrumental procura soluções simples, sem grandes aventuras virtuosas, que permitam uma execução o mais segura possível. Há acordes descomplicados, que não possibilitam as músicas ter um brilhantismo muito elevado. A voz agressiva e cavernosa domina quase todo o álbum, no entanto são utilizados sussurros e lamentos vocais nas passagens onde é recriado um ambiente mais negro e gótico. Curioso é o primeiro tema “Desespero” com narração em Português, sobre um som ambiental e profundo. “The Burning Picture” arrisca alguns sons samplados que alinham com a irreverência disfuncional de um ser humano que não alinha nas mentiras incutidas pela sociedade. Em “Under Inhuman Touch” Carlos Cariano expõe o lado melancólico, numa música com dedicatória. Este tema inclui um riff muito próximo de “Sweet Tears” dos Anathema. “Erotica” é aquele tema que poderia aparecer num álbum de Moonspell. Começa com um riff poderoso e bem marcado, segue-se um ritmo com duplo bombo, passando por um momento depressivo num Gothic Metal erótico.

Incoerência ou diversidade? Qual caracteriza melhor este álbum? Fica a dúvida. Os Malevolence com “Dominion” demonstraram ser o estereótipo das bandas nacionais na década de 90. O gosto pelo Heavy Metal e seus subgéneros, a dedicação possível, umas ideias com muita influência e uma grande vontade de tentar fazer parte da elite artística. O vocalista e guitarrista Carlos Cariano foi e é um entusiasta, cheio de vontade, ideias e com criatividade para arriscar a formação de um projeto como os Malevolence. Essa iniciativa e coragem valerem a aventura que continua até à atualidade, de forma mais ou menos intermitente.


Foto: Zé Luis

Músicos (que gravaram o álbum):

Carlos Cariano – Voz e Guitarras

Luis Lacerda - Guitarras

Rui Capitão - Baixo

Nelson Agostinho – Bateria


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