Antecipação de um futuro incerto
Inhuman - “Foreshadow”
Lançamento: 1998
Sonoridade: Gothic Metal, Doom Metal
Editora: ULIV, UL IV 017 CDN
Produção: Simon Efemey
Capa: Miguel Cardoso e João Paulo, foto de capa por Cláudia Belo Barata
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Shadowy But Immortal
2 - The Redeemer
3 - Last Whispering
4 - Mansized Heaven
5 - The Scars At Your Heart
6 - Crystal
7 - A Blessing In Disguise
8 - Divinity
9 - Lifeless Seasons
10 - Stigma
Os Inhuman tiveram quase tudo para se tornarem uma banda com carreira internacional. Quando foi editado “Foreshadow” em 1998, tudo foi feito para que assim acontecesse. A banda teve oportunidades que não eram dadas à grande maioria das bandas na altura. Um contrato com uma editora que lhes possibilitou a gravação do álbum num estúdio em Inglaterra com o produtor Simon Efemey (Paradise Lost, Amorphis, Ramp, The Wildhearts, Napalm Death). Alguma exposição mediática fora do underground. Uma estrutura de apoio profissional, muito fruto do trabalho de João Paulo com a Torre Management. No entanto, como frequentemente acontecia com outras bandas, os planos não se concretizaram. Ficou o registo de um álbum que apanhou o comboio das sonoridades Gothic Metal, muito apreciadas por essa altura. Citar bandas como Paradise Lost, Anathema, Amorphis, Crematory é estabelecer um estereótipo do que mais influenciava naquele período.
Agora que está anunciado um regresso às edições ainda em 2020 lembrar “Foreshadow”, o segundo álbum da banda, parece mais do que apropriado. Nele podem ser ouvidas 10 músicas escritas com intensidade cinzenta e alma indefesa. A busca pelo ser no meio das sombras de uma humanidade obscura e incerta liberta as mais profundas sensações. É neste ambiente entre a tristeza, a descrença, a luz e as sombras, que desfilam guitarras em lamento, teclados sombrios, melodias vocais arrastadas e ritmos pesarosos. Tudo embalado numa produção solta mas equilibrada. Logo na abertura “Shadowy But Immortal” é revelada a estrada que os Inhuman vão percorrer. Um som amplo, a preencher a expectativa, algo temeroso na execução, ainda que melancólico e impregnado de niilismo. A decadência estética é iluminada por arranjos inteligentes, tornando os temas bastante cativantes, com refrões e passagens melódicas atrativas. Notam-se algumas limitações na execução, mas o todo compensa esse pormenor. Em “The Scars At Your Heart” fica patente a influência Gothic Rock logo no início com os teclados a lembrarem as bandas Inglesas do pós-Punk, para logo de seguida os riffs pesadões da guitarra colocarem o Metal na descrição. “Divinity” e “The Redeemer” são temas com forte capacidade de se tornarem hits, caso fosse possível. Não foi um álbum que trouxesse novidades ao Metal, mas mostrou uma banda em evolução à procura de afirmação, a mostrar vontade e capacidade em expor a sua visão artística. Aguardo o novo álbum com expectativa.
Foto: Jorge Nogueira
Músicos (que gravaram o álbum):
Rogério Sequeira - Baixo
José Vairinhos - Bateria
João Pedro - Guitarras
Diogo Simões - Teclados
Pedro Garcia - Voz
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