Demolição infernal
HochiminH - “This Is Hell”
Lançamento: 2021
Sonoridade: Metalcore, Numetal, Industrial Metal
Editora: Edição de autor
Produção: Vasco Ramos
Capa: Gustavo Sazes
Formato: CD (audição em MP3)
Lista de músicas:
1 - Break It
2 - Wasted
3 - I Guess You Know
4 - Let Them Suffer
5 - Stay Away
6 - Staring At You
7 - Paralyse
8 - Crawling
9 - Deep But Close
10 - Scars
11 - This Is Hell
12 - Let It All Burn
Parecem não ter fim as tendências de estilos e as catalogações para definir o género em que uma banda ou grupo de bandas se encaixa. O Metalcore e o Deathcore têm aparecido com frequência para identificar a sonoridade de bandas recentes a surgir no Metal mundial. Correndo o risco de parecer pretensioso, assumo que o Metalcore atual me parece uma evolução ou derivação do Nu Metal, com um som moderno. Embora, como em tudo, não se pode colocar um selo e restringir a criatividade dos músicos a um só género. Há uma diversidade de direções seguidas por diferentes bandas. Umas seguem o Industrial, outras o Progressivo, outras o Death, outras ainda a vertente mais clássica dos anos 80 e 90, o Hardcore. Enfim! Seja lá qual for a catalogação, o mais importante é mesmo a música. É essa que os HochiminH praticam com toda a pujança do Metal. A banda celebra 20 anos de carreira com a edição do segundo longa duração. Um álbum com 12 temas que espalham as chamas do Inferno pela Terra dos convertidos à incerteza dos dias de Pandemia. “This Is Hell” foi concebido no Alentejo, mais concretamente em Beja. É uma edição de autor, fruto de uma campanha de crowdfunding bem-sucedida. Assim, no dia 30 de janeiro será lançado um petardo alentejano para o mundo.
“This Is Hell” inicia com “Break It” e bem que poderia ser um música incluída num álbum dos Fear Factory. A sonoridade industrial está bem patente neste primeiro tema. Atributo que se espraia pelas restantes composições, com mais ou menos incidência. “Wasted”, “Stay Away” e “Crawling” tem melodias vocais e harmonias instrumentais que navegam nas ondas de uns Linkin Park. Embora a componente melódica envolva a música dos HochiminH, como uma película aderente, a ênfase está no peso de cada acorde, de cada grito e nas cadências rítmicas. O ataque das guitarras com os típicos drops e um constante balanço balístico perfuram sem dó o éter. Perfurante é também o som do baixo. O metal das cordas sente-se no peito, com um timbre metálico a sobressair. Ouvindo “Paralyse” constata-se o poder dessa broca perfuradora que é o baixo, numa das músicas mais abrasivas. As ferramentas utilizadas para a construção desta obra contam com um martelo pneumático de elevado calibre. Ritmos inquietantes e quebras nos momentos certos fazem da demolição percussiva uma devastação permanente. Mas é o equilíbrio, proporcionado pelos arranjos, que mantém as composições de pé, tal como o betão de um pilar. A pintura vem acompanhada por uma voz gritada e enérgica, com passagens melódicas cantadas. O toque final é dado, em jeito de decoração, pelos sons programados. Um misto de eletrónica e engenharia genética do som. Mas também com um contributo orgânico final em “Let It All Burn”, um pedaço instrumental do tipo “a paz depois da demolição”. Este final é apenas um de quatro momentos instrumentais, como que pausas para descanco e beber um café. “This Is Hell” tem aquela produção moderna e cheia, que permite usufruir em pleno das dissertações criativas da banda. Um sinal positivo para a capa do álbum. Burn, Smile, Enjoy, Repeat.
Foto: Dirty Sock
Músicos (da esquerda para a direita)
João Rosa - Guitarra
Arlindo Cardoso - Bateria
Pedro Reis - Baixo
João Ramos - Voz e Progamações
António Aresta - Guitarra
"Perfurante é também o som do baixo. O metal das cordas sente-se no peito, com um timbre metálico a sobressair. " definitivamente concordo com esta frase. O baixo é mesmo o mimo deste álbum. E escutar a wasted a scars e a paralyse ao vivo? Fenomenal estar lá a sentir esse metal das cordas a ressoar nos teus ossos todos. Cumprimentos!!