Confissões e outras histórias de um convento
Angriff - “Sodomy In The Convent”
Lançamento: 2021
Sonoridade: Thrash Metal, Speed Metal
Editora: Firecum Records, CUM040
Produção: Bruno Silva
Capa: Almeida Alma, Dark Digital Art
Formato: CD (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - The Bishop
2 - No Saviours No Gods
3 - Asmodeus
4 - Acolytes of Hardship
5 - Sodomy in the Convent
6 - Profane
7 - Savage Deeds (The quest of Ladislav Hojer)
8 - The Baron of Doom
9 - T. A. C.
10 - Farewell
Tenho contornado temáticas que abordem a Pandemia que nos afeta. No entanto, é inevitável admitir que o Blog surgiu na sequência do confinamento, em pleno estado pandémico. Da mesma forma, essa situação fez com que músicos e bandas aumentassem o processo criativo, ao mesmo tempo que praticamente eliminou os concertos ao vivo. “Sodomy In The Convent” é o exemplo acabado do que a Pandemia fez acontecer. José Rocha ficou com menos tarefas na organização de concertos, dedicou-se à composição de um novo discos dos Angriff. Assim passados 10 anos da última edição, aparece o terceiro álbum da banda, que se apresenta como um duo. José Rocha encarrega-se da bateria, baixo e guitarra, deixando a voz a cargo de OJ Laranjo, que assume a conceção lírica.
“Sodomy In The Convent” inclui 10 músicas de Thrash Metal compacto e tradicional. Segue a linha dos primeiros álbuns de bandas Alemãs como Destruction, Kreator, Sodom e até Running Wild ou dos Americanos Exodus ou Nuclear Assault entre outros nomes, que desde os anos 80 cimentaram as sonoridades agressivas do Thrash. As composições assentam numa estrutura simples e direta, com o feeling do peso cavalgante do Thrash Metal mais genuíno e do Speed Metal inicial. As músicas têm, na sua maioria, ritmos up tempo, intercaladas por algumas mais compassadas, como por exemplo a abertura instrumental “The Bishop”, “Profane” ou “The Baron of Doom”. O som é atual e por vezes soa demasiado unidimensional. Talvez a visão e estilo de um só instrumentista sejam causadores de um afunilamento de ideias e técnica. Isso não invalida as cascatas de riffs bem estruturados e ferozes, que invadem o espetro sonoro com torrentes de harmonias agressivas. Assim como somos massacrados pelas descargas avassaladoras da bateria, esta muito certeira e um pouco sintética. A voz de OJ Laranjo expele alguma cólera de forma controlada, num esgar de ódio, mas sempre percetível. Neste caso também não há desvios, nem deambulações melódicas pela escala de notas. As líricas são muito cáusticas num sentido profano e anti religião, coerentes com o título do álbum. Há uma preocupação em marcar refrões memoráveis, o que demonstra algum cuidado nos arranjos. De mencionar a participação de Chris Holmes (ex-W.A.S.P.), num solo de guitarra no tema “No Saviours No Gods”. Assim como António Baptista, ex-membro do grupo, que também gravou solos em duas músicas, presumo que sejam “Acolytes of Hardship” e “Sodomy in the Convent”. De salientar o trabalho de Almeida Alma para a capa do álbum, muito macabra e polémica. Na verdade, por vezes sabe bem ouvir a sonoridade dos mestres do Thrash e Speed Metal, tocada de forma coerente e objetiva, sem floreados e com um cunho próprio. A modernidade não significa uma constante procura do próximo unicórnio, também pode ser encontrada nos cavalos de corrida de raça pura, se entendem a metáfora. Um álbum que dá continuidade à carreira dos Angriff. Edição para 25 de janeiro de 2021.
Foto: “DR”
Músicos (de esquerda para a direita)
OJ Laranjo - Voz
José Rocha - Guitarra, baixo e bateria
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