Uma semente para um só nascimento
Hate Over Grown - “Seed”
Lançamento: 1995
Sonoridade: Thrash Metal, Groove Metal, Hardcore, Crossover, Metalcore
Editora: Música Alternativa, MA061
Produção: Manfred Praeker
Capa: Secretonix
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Crapload
2 - Snail
3 - Down
4 - Lame Short-Haired Muthafuck
5 - Book of Lies
6 - Nothing
7 - Factory Tongue
8 - Bend
9 - Too Damn Brief
10 - Fillin’ the Blanks
11 - This Song Hurts
12 - Seed
Hate Over Grown (H.O.G), banda da Margem Sul do Tejo! “Seed” o único álbum que compuseram. Mais um da fornada dos anos 90. Este editado pela Música Alternativa em 1995. Algo de diferente, irrequieto, irreverente emanava da música dos Hate Over Grown! Embora se encaixasse no Metal, havia uma pulsante veia Punk contestatária e umas pinceladas coloridas de Funky. Uma atitude “in your face”, protagonizada pela gritaria desenfreada do vocalista, acrescentava a vertente Hardcore ao quadro de géneros. O rapaz que dá pelo nome de Tiago Contreiras agarrava nas cordas vocais e puxava-as para fora. É inteligente, irreverente, sagaz e gosta de microfones. Por isso ainda hoje fala em frente deles na informação da RTP. Em conjunto com Marco Farrôpo na guitarra, Rui Freire na bateria e João Paulo Dias (Thormenthor) no baixo, aproveitaram o balanço de um punhado de ideias e gravaram 12 músicas não muito longas, mas suficientemente acutilantes.
Imagino o som dos Pantera e Machine Head, misturado com Rage Against The Machine ou Red Hot Chili Peppers e talvez se aproxime um pouco dos H.O. G. Mas só um pouco! O álbum tem muitos riffs, ritmos e tonalidades que vão deste o Funky ao Death Metal, numa tela colorida, que expressa a diversidade de influências dos músicos. Por exemplo, o tema “Book Of Lies” possui aquela estranheza decorada de Metal ao estilo System Of A Down. Só que os SOAD ainda estavam na fase das demos. Outro exemplo da mescla de sons é o tema “Lame Short-Haired Muthafuck”, com ritmos Funky, que suportam riffs de guitarra Death Metal. A guitarra é, aliás, bastante irrequieta. Consegue massacrar sem dó com brutalidade sonora, como mostrar um dedilhar dançante e até esmagar como um martelo pneumático, debitando solavancos Groove de peso. No entanto, só apresenta um solo, digno desse nome, quase no final do álbum, na música “This Song Hurts”. Ao longo da escuta encontramos oásis onde o vocalista tenta oferecer um pouco de água com voz cantada, ou quase, nos temas “Snail”, “Nothing” e “Factory Tongue” apenas para aliviar a sede. É neste emaranhado de contributos criativos que por vezes nos perdemos com a colagem de partes de cada música. As passagens funcionam bem, mas há pedaços que poderiam ser dispensados. Nada que prejudique o todo, apenas ecos de um primeiro álbum. Já na produção notam-se alguns detalhes a necessitar de fortificantes. Uma sonoridade tão poderosa e repleta de balanço, seria beneficiada com mais profundidade e engrandecimento. Eventualmente, seriam truques e recursos técnicos ainda em falta há quase 26 anos. É pena que também nesta caso, “Seed” foi um álbum solitário. Os H.O.G. prometiam uma verdadeira revolução, que mais tarde aconteceu com tantos projetos Crossover e Metalcore vindos de todo o mundo.
Foto: “DR”
Músicos (de esquerda para a direita)
Marco Farrôpo - Guitarras
Joäo Paulo Dias - Baixo
Tiago Contreiras - Voz
Rui Freire - Bateria
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