A marchar rumo ao futuro
Godark - “Forward We March”
Lançamento: 2020
Sonoridade: Death Metal, Melodic Death Metal
Editora: Edição de autor
Produção: Guilhermino Martins
Capa: “Godark”
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Miserable Noise
2 - Freedom
3 - Repealing Silence
4 - Resurface
5 - No Future No Mercy
6 - Disorder's Edge
7 - Everything is Gone
8 - River of Blood
9 - Wings of Hope
10 - Forbidden Words
Fico a pensar se poderíamos declarar uma guerra cultural ao mundo. Aqui estamos nós, povo Português, com uma longa história de descobertas e conquistas, remetidos a este pequeno país à beira de um imenso Oceano. Com uma cultura muito rica, talento, Sol, Mar e Heavy Metal, já é tempo de mostrar ao universo o valor da nossa criação de peso. Relaxem nas nossas praias e excelentes hotéis, bebam o nosso excecional vinho fechado com a melhor cortiça do mundo, saboreiem o suculento peixe fresco da costa, emocionem-se com a saudade que escorre do Fado e… ganhem energia com o nosso Heavy Metal. Ao ouvir “Forward We March” dos Penafidelenses Godark é este o sentimento que fica. Não descobriram novos caminhos, nem novas sonoridades para se expressar dento do género Death Metal. Não inventaram a ligação entre melodia e agressividade. Mas compuseram 10 músicas de Melodic Death Metal honestas, épicas, pesadas e com uma energia muito especial. Porquê? Porque têm uma mensagem positiva. Este o aspeto que se destaca. Cinco jovens que tocam música agressiva, acreditam na união como solução para muitos dos problemas da sociedade atual. Acreditam numa sociedade mais justa. As músicas são “marchas” de afirmação artística, manifestos oníricos que indicam caminhos de esperança. Utopia ou realidade? Depende da perspetiva!
“Forward We March” é um álbum eloquente que faz uso das melhores técnicas experimentadas por bandas nórdicas como os Dark Tranquility, Amon Amarth, Edge Of Sanity e tantas outras que alcançaram sucesso com dezenas de álbuns. A voz é ríspida e segura, fazendo uso das entranhas para se expressar. Os guitarristas dedilham acordes pesados com afinações baixas condimentados com muitas harmonias e recortes melódicos, que são a essência do estilo. Esporadicamente somos bafejados por uns ambientes delicados dos teclados que lembram a brisa do mar a acariciar as rochas íngremes da nossa costa. Depois há a bateria que massacra e molda a rocha em vagas insistentes, de forma simples mas eficaz. O baixo é como o fundo do mar, está sempre lá a servir de cama ao mar revolto. A analogia é propositada. O mar invade a terra nas marés altas. A música dos Godark invade o nosso córtex cerebral. Oiça-se por exemplo “No Future No Mercy”. De forma subtil coloca-nos em marcha e atinge-nos com um ritmo avassalador e um riff penetrante, para depois invadir o espaço de forma compassada e muito pesada, voltando a dominar as tropas rumo à revolução. Mas há muito mais para explorar neste álbum.
A produção é eficiente, a masterização está no limite do volume e tudo isto conseguido por conta própria, sem uma editora. Parabéns Godark.
Foto: “DR”
Músicos (que gravaram o álbum):
Daniel Silva - Baixo
Vitor Costa - Voz
Fábio Silva - Bateria
Diogo Ferreira - Guitarras
Rui Fernandes – Guitarras
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