Tardos com vestes de metal
Goblin - “Goblin”
Lançamento: 1997
Sonoridade: Thrash Metal, Groove Metal
Editora: Skyfall Records, Movieplay, SKY 85.009
Produção: Goblin e Luis Barros
Capa: Leal, Alexandra Ribeiro, Joana Araújo
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Mountains
2 - Tomorrow
3 - Behind This Fucking Wall
4 - Hand Full of Nothing
5 - Killing Zone
6 - Hard to Explain
7 - Imoral Tests
8 - Too Strong
9 - Mind Enslavement
10 - Don't Give a Fuck
11 - So Distant Now
“Goblin”, o único álbum dos Goblin, foi mais um parto da Skyfall Records e dos estúdios Rec’n’Roll, pais de diversos filhos do metal Português, embora com diferentes casamentos. A banda teve uma carreira curta e com pouca expressão, mas a inquietude social e irreverência musical estavam presentes. Essas eram características do som das bandas que influenciaram a composição do álbum. Ouve-se um cruzamento entre o Thrash Metal, Groove Metal e quase, quase Funk, faltando apenas algum slapping no baixo e mais proeminência na mistura. Saltam à memória as influências de Pantera, Machine Head cruzadas com Scatterbrain, Prong. A voz de João Brasuca é gritada, por vezes com narrações melódicas. O timbre e o estilo aplicado deambulam entre Phil Anselmo, Mike Patton e Whitfield Crane. Por estranho que pareça, resulta numa esquizofrenia própria. O baterista usa e abusa do ride, prato que marca o ritmo, tornando-se um distintivo em várias músicas. Mas o som da bateria está muito presente e tem aquela sonoridade progressiva, muito tight. Guitarras agressivas em constantes devaneios harmónicos (“Hand Full Of Nothing”), com coleções de riffs bastante in your face. Tudo conjugado, a música dos Goblin é como uma hera, desenvolve-se rapidamente enleando-se e ganhando diferentes formas em diferentes direções. Uma sonoridade com muito Groove, embora agressiva, com variações abruptas de ritmo. No entanto, o som refrescante inicial pode tornar-se cansativo para o final do álbum, com alguma repetição de fórmulas. Talvez a inexperiência da banda se note mais nos arranjos, quebrando um pouco a fluidez auditiva de algumas músicas.
Há ainda espaço para baladas com “Hard to Explain” e “So Distant Now”, a oferecerem interpretações de guitarra acústica. O álbum pode ser considerado quase um manifesto socio-político, tendo em consideração as mensagens expressas nas líricas. Há preocupação com a gestão das sociedades e com o trajeto das decisões de quem tem poder para tal. Por certo o dedo de Luis Barros, resulta numa produção coesa e equilibrada, o que liberta a agressividade e peso das músicas. Os Goblin optaram neste álbum por uma sonoridade mais densa, afastando-se do caminho mais comercial e divertido de outras bandas do género. Talvez o Goblin tendesse mais para ser um Tardo bem português a causar pesadelos, em vez de brincar com o som Groovy. Houve uma onda de sucesso nos anos 90, principalmente nos Estados Unidos, em que algumas bandas atingiram os tops e venderam milhões de discos, a tocar uma mistura de Thrash Metal com Funk e Groove. Um dos exemplos mais bem sucedidos foram os Ugly Kid Joe, mas estes tinham muito Rock e arranjos Pop. De qualquer forma os Goblin deixaram um documento no repertório nacional com este “Goblin”.
Foto: “DR”
Músicos (da esquerda para a direita):
Miguel - Bateria
João Miguel - Baixo
Leal - Guitarras
João Brasuca - Voz
Rafael - Guitarras
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