Que a luz ilumine a ira e nos mostre o caminho
Enchantya - “On Light And Wrath”
Lançamento: 2019
Sonoridade: Symphonic Metal, Ghotic Metal, Heavy Metal
Editora: Inverse Records, INV319
Produção: Fernando Matias e Enchantya
Capa: Miguel Januário e Phobos Anomaly Design
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Turn of the Wheel (Prelude)
2 - Last Moon of March
3 - The Beginning
4 - Poet's Tears
5 - Near Life Experience
6 - Alma
7 - Downfall to Power
8 - Hide Me
9 - Deception (Since You Lied)
10 - Once Upon a Lie
11 - From the Ashes
Não sei qual a primeira banda de Heavy Metal a incorporar uma cantora lírica, Soprano ou Mezzo-soprano! Mas Nightwish com Tarja Turunen e Within Temptation com Sharon den Adel destacaram-se pelo sucesso alcançado em todo o mundo. Desde então inúmeras outras bandas seguiram o exemplo com mais ou menos semelhanças, derivando no estilo, atitude ou criatividade. A fórmula resultou em alguns casos, mas outros houve que se tornaram meras cópias. Por cá, Rute Fevereiro mostrou a sua voz lírica nas Black Widows, mas com dois elementos distintos: utilizou também rugidos em contraponto com a voz lírica e tocou guitarra em simultâneo. Após a paragem temporária da banda, Rute surgiu com um novo projeto – Enchantya. Só que desta feita deixou a guitarra repousar, mas manteve a dualidade vocal.
Em 2019 foi editado “On Light And Wrath”, o segundo longa duração de Enchantya. Neste álbum é evidente a extensão vocal, e a tessitura, que a vocalista possui. Fazendo uso dessas características, empreende uma viagem aos recantos da mente humana, numa descoberta nem sempre aprazível, principalmente quando nos defrontamos com os nossos fantasmas. Quando os extremos entram em conflito, nem sempre é fácil encontrar o equilíbrio que nos faça continuar em frente em busca de paz interior. Numa clara auto análise, a vocalista, letrista e compositora conta com um poderoso instrumental, que vagueia pelos densos riffs de guitarra, solos virtuosos, baixo marcante e autoritário e um baterista com vastos recursos rítmicos. Toda a composição é colada pelas orquestrações do teclista, criando o ambiente mais sinfónico e épico. É salutar a diversificação na composição, mas é ao mesmo tempo dispersa. Se por um lado é agradável ouvir sequências de diferentes acordes e ritmos, que transportam a nossa mente numa montanha-russa. Por outro lado pode causar dispersão. Ou seja, torna as músicas mais ricas, mas menos memoráveis, sabendo nós a fraca capacidade da memória auditiva do comum mortal. O trabalho é sumptuoso, em termos de técnica e de criatividade. Pende mais para um conceito clássico ou teatral do que Pop. Acredito que no futuro, a banda poderá encontrar algumas obras mais objetivas, com refrões mais evidentes e composições menos compartimentadas, fazendo uso da capacidade de execução que os músicos possuem.
“On Light And Wrath” é uma peça de arte abrangente. Ancorado em mais uma produção de elevada qualidade de Fernando Matias, contém secções vocais e instrumentais para dissecar, expondo as entranhas das músicas. “The Beginning” é para mim a mais surpreendente exatamente pela diversidade, o que pode ser contraditório. Nesta música, a tessitura vocal é vasta e sinto que há aqui uma vertente a explorar, nos versos que começam em “Speaking the truth is my crime”. Em “Near Life Experience” somos surpreendidos pelo som dos teclados com som de Cravo e com um blastbeat demolidor. “Once Upon a Lie” é uma besta metálica ou um monstro das trevas. Com um ritmo acelerado e, mais uma vez, a utilização de blastbeat. Conta ainda com a participação de Corvus (Tear) nos vocais guturais. Tudo para desmistificar os contos de fadas. Um álbum com muito para ver à luz da ira!
Foto: Frutografia
Músicos (da esquerda para a direita)
Fernando Barroso - Baixo
Pedro Antunes - Teclados e Piano
Rute Fevereiro - Voz
Fernando Campos - Guitarras
Bruno Santos - Guitarras
e
Ricardo Oliveira - Bateria
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