Um prólogo para uma história feita de peso
Drop D - “Prologue”
Lançamento: 2011
Sonoridade: Thrash Metal, Melodic Death Metal
Editora: Raising Legends Records e Ragingplanet, RL 020|AS/RP082
Produção: André Castro e Daniel Faria
Capa: André Castro
Formato: CD
Lista de músicas:
1 - Absence Of Light
2 - Fake I.D.
3 - Hollow Menace
4 - D Resurrection
5 - Between Myself
6 - Awaken Eye
7 - Changes
8 - Lost Cause
9 - The Maze
10 - Rise Of The Fallen
É com desapontamento que escrevo estas linhas! Pois é mesmo assim. Não é obrigatório tecer elogios sempre que se fala de uma banda ou álbum. Porque devemos ser sinceros connosco, o que vou escrever é o que sinto depois de ouvir imensas vezes o único álbum dos Drop D, intitulado “Prologue”. Se este título significava alguma coisa, então porque se ficaram pelo prólogo e ainda não lançaram outro álbum? Um prólogo pressupõe uma ação seguinte e, eventualmente, um epílogo, mas até agora ficámos pelo prólogo. Por isso, fico consternado. Como é possível algo deste calibre estar sem ação editorial?
Quando ouvi pela primeira vez “Prologue” levei com uma bigorna em cima, que me deixou cambaleante. Que peça de metal pesado tinha sido concebida! Que petardo explodia nos ouvidos! Não só a composição era coesa e inteligente, como a produção fazia jus à sonoridade. Aquela agarrava no Thrash Metal e dava-lhe uma modernidade latente, com roupagens Death Metal melódico e ainda polia todo o conjunto com aquele balanço do Metal atual. Encontrei algumas linhas harmónicas que se aproximavam a Ramp, daí não estranhar o convite a Rui Duarte (vocalista dos Ramp) para oferecer a voz no tema “Fake ID”. Algum do Melodic Death Metal Sueco também está presente, como por exemplo em “Rise Of The Fallen”. Mas mais importante do que referências ou catalogações é escutar um riff brilhante e cativante, como o que ouvimos em “Hollow Menace”, talvez a música que mais me entusiasma ouvir. No entanto, todas as músicas assentam em riffs de guitarra poderosos e marcantes. Relevante é também uma bateria possante, com todo o kit a explodir nas nossas entranhas, principalmente os bombos que fazem estremecer as paredes. E o baixo! O baixo possui uma estética sonora muito próxima do progressivo e está tão bem entrosado na mistura final que assusta. Naqueles momentos em que sozinho carrega a música às suas costas, apenas a eleva para outra dimensão. Por fim, ou no princípio, temos a voz de Marina Faria. A menina sabe cantar e tem uma melodia vocal muito bonita, quando canta os refrões ou estrofes em vocalizações limpas. Mas quando puxa pelas cordas vocais, o que debita são roncos guturais do fundo do estômago. Esta dicotomia vocal já foi muito utilizada anteriormente por centenas de bandas, mas neste caso sugere um misto de pesar com revolta de forma quase inocente. Em “D Resurrection” há também um convidado, neste caso Cláudio Oliveira.
Para além de todo o trabalho instrumental verdadeiramente interessante, as líricas refletem uma consciência social, ou melhor, humana. A dinâmica vocal catapulta a mensagem e lança a carga etílica para quem a conseguir suportar, outros apenas sentem a evaporação do significado das palavras. No geral, sinto falta de refrões mais acutilantes, o que facilmente poderão conseguir com novas músicas e novos arranjos, mantendo a espantosa produção. Sem dúvida que a masterização deste álbum sobressai com um brilho e uma potência estrondosos. O trabalho foi realizado em Nova Iorque nos Sterling Sound Studios, por UE Nastasi. Já passou demasiado tempo desde esta edição. Para quando um novo álbum?
Foto: Estúdio Carlos Ferraz Fotografia
Músicos (da esquerda para a direita):
André Castro - Guitarras
Bruno Falcão Lhano - Baixo
Marina Faria - Voz
Daniel Faria - Bateria, Vozes
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