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Foto do escritorDuarte Dionísio

Braindead - “Blend”

Atualizado: 28 de jan. de 2021

Mistura explosiva

Braindead - “Blend”

Lançamento: 1993

Sonoridade: Funk Metal, Groove Metal

Editora: EMI - Valentim de Carvalho, EMI 0 777 7 89512 2 3

Produção: Braindead

Capa: Rui Rebelo da Silva

Formato: CD

Lista de músicas:

1 - 304

2 - Never Did, Never Will

3 - My Away Out

4 - I Guess, So?

5 - Honest Liar

6 - This Time (Ain't like the Other Time)

7 - Days of 87

8 - Cry Alone

9 - Don't Cut My Legs

10 - Juicy Pussy

11 - Love Song

12 - Kiss My Trunk

13 - Don't Think About It

14 - 1 See 2 Believe

O ecletismo talvez seja a palavra que melhor se aplica aos Braindead. Mistura também é um termo apropriado, talvez por isso o álbum de estreia se intitule “Blend”. A banda de Almada foi um arco-íris musical, com imensas influências e uma propensão para a experimentação. No entanto, as origens indicavam um caminho mais confinado a um nicho sonoro mais limitado. Isto porque as duas demos de 1988, “The Final Judgement" e "The Human Remnants of..." mostravam uma banda de Thrash Metal à procura de espaço no underground. Os músicos eram muito novos e ainda demonstravam limitações técnicas, para além do som pobre das gravações. No entanto, o talento estava lá e só necessitava de espaço para emergir. Com as duas demos, os Braindead conseguiram uma considerável exposição num meio expetante, mas restrito. Foi com o virar da década, um interregno e algumas mudanças de formação, que surgiram uns Braindead completamente renovados. As alterações foram transversais: sonoridade, imagem, conceito, capacidade técnica, criatividade. O resultado foi o álbum “Blend”, numa surpreendente ligação à EMI – Valentim de Carvalho.

A conjugação de fatores chave resultou num álbum de elevada qualidade. Ao talento dos compositores e letristas foi proporcionada a gravação num estúdio com excelentes condições e com bons técnicos. A produção é eficiente, possibilitando um som limpo e bastante equilibrado, que permite a audição de todos os pormenores da execução instrumental e vocal. Um dos “truques” para o resultado final foi a capacidade de fazer arranjos inteligentes. Aliás é nos arranjos que assenta a complexidade das composições, porque as soluções encontradas para harmonias, ritmos e melodias são simples. Não quero com isto dizer que foi feito um trabalho básico, pelo contrário. No entanto, o que podia tornar-se de difícil audição acaba por resultar numa fluidez de fácil perceção, devido aos arranjos, mas também a algumas estruturas musicais Pop. “Blend” incorpora diversas influências maioritariamente Norte Americanas. À cabeça surgem os Faith No More, mas também uns Living Colour, Extreme, Infectious Grooves e o Crossover/Thrash dos Suicidal Tendencies. Esta fusão de influxos geraram uns Braindead com muito Groove, sem perder peso. As músicas são trespassadas por harmonias Funky, com guitarras limpas a impor o som Pop, mas sempre coladas a riffs pesadões em plena distorção Thrash Metal. O ritmo cadenciado, por vezes condescendente da bateria, deixa o baixista Nuno Espírito Santo divagar pelas ondas Funky, com protagonismo, como por exemplo em “Don't Cut My Legs” ou a vergastar as cordas num slap em “Kiss My Trunk”. Vasco Vaz mostra o seu lado artístico em solos bem esgalhados nos temas “304”, “Never Did, Never Will” ou “Don't Cut My Legs”. Mas é em “1 See 2 Believe” que o Vasco demonstra as suas influências, ao compor um tema ao estilo Hard Rock anos 80, onde se ouvem brisas de AC/DC ou até Van Halen. A nível vocal, destaca-se a espantosa evolução de Michael Stewart, que passa de arremessos guturais para uma voz melódica, a cantar de forma muito bem enquadrada. Para dar mais sal a algumas músicas, há ainda a prestação vocal de Dora e Sandra que fazem coros em alguns temas.

Este é um álbum quase perfeito de onde foram extraídos dois singles, “Never Did, Never Will” e “Cry Alone”, que expõe experiências pessoais, incluindo o apreço pelo lado sensual feminino. Abriu caminho a uma carreira de expetativas. Mas o lado mais clean de uns Braindead renovados, não coube dentro de Portugal. O país foi demasiado pequeno e conservador para o que a banda produziu. Foram necessários mais alguns anos e novas roupagens, para que o mentor dos Braindead, João Nobre, alcançasse sucesso com os Da Weasel.

Foto: Kenton Thatcher

Músicos (da esquerda para a direita):

Nobre - Guitarras e Coros

Nuno Espirito Santo - Baixo e Coros

Guilherme Gonçalves - Bateria

Michael Stweart - Voz e Coros

Vasco Vaz - Guitarras e Coros


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