A ebulição de Zeus
Blame Zeus - "Seethe"
Lançamento: 2019
Sonoridade: Alternative Metal, Progressive Metal
Editora: Rockshots Records, RSCD070
Produção: Ricardo Fernandes and Blame Zeus
Capa: Gustavo Sazes
Formato: CD (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - How To Successfully Implode
2 - Déjà Vu
3 - Down To Our Bones
4 - White
5 - Bloodstained Hands
6 - The Obsession Lullaby
7 - Into The Womb
8 - No
9 - The Warden
10 - The Crown And The Gun
A evolução que o Heavy Metal em Portugal teve ao longo de décadas fervilha em “Seethe”. Era impensável nos anos 80 conseguir o equilíbrio que os Blame Zeus apresentam neste terceiro longa duração de originais. Produção coesa e competente, um som contemporâneo e compacto, músicos tecnicamente evoluídos, grafismo profissional e agradável, um lançamento coerente. Nota-se a utilização de muitas das ferramentas que a tecnologia atual oferece. Sem dúvida que a sonoridade é menos orgânica que no passado distante, mas em nada compromete a proficiência técnica. Talvez seja este o som que promove a banda a uma maturidade sempre desejada. Há um esforço em elevar a capacidade de composição, mas soa muito natural quando ouvido repetidas vezes. Nesta coleção de 10 músicas há uma sensação de intensidade controlada, só conseguida pela capacidade adquirida com a experiência de uma banda moderna.
O álbum possui um conceito de introspeção, quer pela profundidade lírica, quase poética, expondo pensamentos e sentimentos reprimidos, quer pela progressão harmónica densa. Ouve-se com prazer alguma complexidade rítmica sem urgência, apesar da tensão criada. Escuta-se agressividade, mas com um autodomínio que mantém as músicas equilibradas. Todas as harmonias permitem as melodias vocais sobressair e contar a sua história. Cada peça musical contém balanço e um groove intrínseco, havendo uma diversidade de ambientes desde a discussão gritada entre todos os instrumentos, ao diálogo intimista entre voz e baixo. Rock rasgado, um piscar de olhos ao Pop na construção melódica de alguns excertos, umas pitadas de Prog Metal e a contemporaneidade de um Metal do presente. Se as influências vierem de dentro, só pode ser motivo de orgulho. Ramp é um nome que vem à memória auditiva. A música “No” é um exemplo. Talvez pela admiração, Rui Duarte foi convidado a dar voz de forma competente na música “Down To Our Bones”. Se o Rui é o vocalista com os créditos que lhe são reconhecidos, isso só contribui para realçar as qualidades da Sandra Oliveira nas harmonias vocais que gravaram. Se a culpa é de Zeus, que ele continue a fazer asneira no Olimpo.
Foto: João Fitas
Músicos (da esquerda para a direita):
Tiago Lascasas – Guitarra
Ricardo Silveira – Bateria
Sandra Oliveira – Voz
Celso Oliveira – Baixo
Paulo Silva – Guitarra
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