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Foto do escritorDuarte Dionísio

Analepsy - “Atrocities From Beyond”

Atualizado: 28 de jan. de 2021

Dimensões atrozes

Analepsy - “Atrocities From Beyond”

Lançamento: 2017

Sonoridade: Death Metal, Brutal Death Metal, Slam

Editora: Rising Nemesis Records, Vomit Your Shirt, RNR 052/VYS016

Produção: Miguel Tereso

Capa: Pedro Sena (Lordigan)

Formato: CD, Vinil LP 12" e MC (audição em streaming)

Lista de músicas:

1 - Apocalyptic Premonition

2 - Rifts to Abhorrence

3 - The Vermin Devourer

4 - Witnesses of Extinction

5 - Ferocious Aftermath

6 - Engorged Absorption

7 - Eons in Vacuum

8 - Depths of Agony

9 - Atrocity Deeds

10 - Omen of Return

Depois de ouvir “Atrocities From Beyond” há duas ideias que ficam bem definidas: 1 – o ser humano tem capacidades extraordinárias; 2 – o ser humano está à beira da extinção. É extraordinária a aptidão para criar uma mostruosidade desta dimensão. Um álbum que surpreende, não pela originalidade, mas pela eficácia, destreza e densidade sonora. A brutalidade da descarga musical passa por nós como um cilindro compactador. É extraordinária a definição de cada instrumento. Imaginem se conseguíssemos pegar num quadro de Jackson Pollock e arrumássemos todos os traços de maneira a identificá-los um a um. Bateria dominadora, impondo quebras de ritmo sem perder a força. Diversificando entre cavalgadas tonitruantes, blastbeats meticulosos e ritmos mid-tempo conduzidos por uma tarola sempre a estalar, diria eu, quase progressiva, sendo “Rifts to Abhorrence” e “Engorged Absorption” bons exemplos. O baixo cola na perfeição à parede sonora e serve de colete à prova de balas, capaz de suportar todo o impacto da explosão sonora. As guitarras são brutalmente agressivas, metralhando o cérebro com a sua afinação downtuned. Apesar dos constantes riffs e harmonias massacrantes, oferecem solos histriónicos como raios laser cortantes, que servem de interlúdios. A voz impercetível entre o gutural e o guincho de porco, encaixa que nem uma cabeça biónica no corpo articulado, que é a música da banda. Esta obra de arte com o peso do Planeta Terra mostra-nos outras dimensões astrais, outras galáxias e outras formas de vida. Alerta-nos para a eminente extinção da nossa forma de vida e como nos auto-devoramos. Talvez estejamos a viver numa dimensão paralela e os Analepsy sejam seres de outra esfera.

Esta é uma obra de que os Analepsy se devem orgulhar. O que mais me impressiona é a destreza técnica na execução dos instrumentos, engrandecida por uma produção assertiva. Uma mistura coerente e uma masterização potente fazem de “Atrocities From Beyond” um dos álbuns mais poderosos que já ouvi. Miguel Tereso tem conhecimento e técnica para elevar o som das bandas, por isso já coleciona trabalhos de qualidade. Os Analepsy formaram-se em 2013 e são ainda jovens, por isso será curioso perceber até onde conseguirão levar esta máquina trituradora, que já passou pelo Festival Wacken Open Air e outras paragens longínquas. Assim continuem a trabalhar cuidadosamente na composição, pensando cada nota, cada ritmo e arranjos, por forma a atingir patamares de densidade ainda mais elevados.

Foto: “DR”

Músicos (que gravaram o álbum):

Flávio Pereira - Baixo

Tiago Correia - Bateria

Marco Martins - Guitarras

Diogo Santana - Voz e Guitarras


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