Dimensões atrozes
Analepsy - “Atrocities From Beyond”
Lançamento: 2017
Sonoridade: Death Metal, Brutal Death Metal, Slam
Editora: Rising Nemesis Records, Vomit Your Shirt, RNR 052/VYS016
Produção: Miguel Tereso
Capa: Pedro Sena (Lordigan)
Formato: CD, Vinil LP 12" e MC (audição em streaming)
Lista de músicas:
1 - Apocalyptic Premonition
2 - Rifts to Abhorrence
3 - The Vermin Devourer
4 - Witnesses of Extinction
5 - Ferocious Aftermath
6 - Engorged Absorption
7 - Eons in Vacuum
8 - Depths of Agony
9 - Atrocity Deeds
10 - Omen of Return
Depois de ouvir “Atrocities From Beyond” há duas ideias que ficam bem definidas: 1 – o ser humano tem capacidades extraordinárias; 2 – o ser humano está à beira da extinção. É extraordinária a aptidão para criar uma mostruosidade desta dimensão. Um álbum que surpreende, não pela originalidade, mas pela eficácia, destreza e densidade sonora. A brutalidade da descarga musical passa por nós como um cilindro compactador. É extraordinária a definição de cada instrumento. Imaginem se conseguíssemos pegar num quadro de Jackson Pollock e arrumássemos todos os traços de maneira a identificá-los um a um. Bateria dominadora, impondo quebras de ritmo sem perder a força. Diversificando entre cavalgadas tonitruantes, blastbeats meticulosos e ritmos mid-tempo conduzidos por uma tarola sempre a estalar, diria eu, quase progressiva, sendo “Rifts to Abhorrence” e “Engorged Absorption” bons exemplos. O baixo cola na perfeição à parede sonora e serve de colete à prova de balas, capaz de suportar todo o impacto da explosão sonora. As guitarras são brutalmente agressivas, metralhando o cérebro com a sua afinação downtuned. Apesar dos constantes riffs e harmonias massacrantes, oferecem solos histriónicos como raios laser cortantes, que servem de interlúdios. A voz impercetível entre o gutural e o guincho de porco, encaixa que nem uma cabeça biónica no corpo articulado, que é a música da banda. Esta obra de arte com o peso do Planeta Terra mostra-nos outras dimensões astrais, outras galáxias e outras formas de vida. Alerta-nos para a eminente extinção da nossa forma de vida e como nos auto-devoramos. Talvez estejamos a viver numa dimensão paralela e os Analepsy sejam seres de outra esfera.
Esta é uma obra de que os Analepsy se devem orgulhar. O que mais me impressiona é a destreza técnica na execução dos instrumentos, engrandecida por uma produção assertiva. Uma mistura coerente e uma masterização potente fazem de “Atrocities From Beyond” um dos álbuns mais poderosos que já ouvi. Miguel Tereso tem conhecimento e técnica para elevar o som das bandas, por isso já coleciona trabalhos de qualidade. Os Analepsy formaram-se em 2013 e são ainda jovens, por isso será curioso perceber até onde conseguirão levar esta máquina trituradora, que já passou pelo Festival Wacken Open Air e outras paragens longínquas. Assim continuem a trabalhar cuidadosamente na composição, pensando cada nota, cada ritmo e arranjos, por forma a atingir patamares de densidade ainda mais elevados.
Foto: “DR”
Músicos (que gravaram o álbum):
Flávio Pereira - Baixo
Tiago Correia - Bateria
Marco Martins - Guitarras
Diogo Santana - Voz e Guitarras
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